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Empresário e médico negam estarem envolvidos na máfia das protéses

13 outubro 2015 - 12:53

Mesmo contando com um habeas corpus, o empresário Miguel Iskin abriu mão do direito de permanecer em silêncio ao depor ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Próteses. Sócio da Oscar Iskin, distribuidora de material médico-hospitalar, ele negou que ofereça comissões a médicos, que em troca prescreveriam aos pacientes órteses e próteses comercializadas pela empresa. — Estamos contatando os clientes e formadores opinião, mostrando nossa história e nosso comportamento, mas sem dúvida esta CPI é a melhor forma que temos para provar a verdade — disse.

O presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES), afirmou que o direito de ficar calado é constitucional. Iskin comentou a reportagem veiculada pelo Fantástico, da Rede Globo, sobre a chamada máfia das próteses, que agia em cinco estados. Segundo ele, a cena que mostra um vendedor da empresa dele oferecendo vantagem ao repórter que se passava por ortopedista, para que prescrevesse material fornecido pela distribuidora, foi “de alguma forma manipulada”.

Ele admitiu, porém, que o empregado, Carlos Lessa, já demitido, acabou cedendo à abordagem do suposto médico, mas salientou que ele agiu sem o conhecimento da empresa. Em investigação interna, explicou que o vendedor disse que a intenção não era concretizar a promessa de pagamento das comissões. Teria sido apenas uma forma de não afastar o potencial parceiro.

— Não é um mau sujeito. Sempre teve bom comportamento, mas não estava conseguindo atingir as metas de vendas. Como estava em perigo, viu ali uma tábua de salvação, aquele canto de sereia — afirmou. A Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que lhe perguntou por que a empresa não processou a Rede Globo pela suposta manipulação, o empresário respondeu que seria uma “luta inglória” e que a “resposta mais forte” que ele poderia dar foi comparecer e falar à CPI.

Questão Pessoal

A CPI ouviu ainda o médico ortopedista Edson Cerqueira Garcia de Freitas, também do Rio. Ele é acusado por um colega da mesma especialidade, Marcelo Paiva, que também foi seu paciente, de ser dono de uma empresa de serviços médicos que negocia próteses por preços superiores aos de mercado. Segundo Freitas, o colega passou a lhe perseguir movido pela inconformidade com o resultado da cirurgia de coluna que realizou.

— Tivemos problemas na relação médico-paciente e o objetivo dele não é reparar o problema que teve, apesar de ter conhecimento de que está “muito bem, obrigado”, viajando pela Europa, sem qualquer tipo de limitação funcional.

Freitas negou que a empresa da qual é sócio seja usada para a venda de órteses e próteses. Segundo ele, a Osteocare Serviços Médicos serve apenas para recebimento de consultas, cirurgias e cursos de treinamentos na área de ortopedia.

Quando depôs à CPI, o acusador disse que não esperava ter que pagar R$ 208 mil por seis parafusos e uma haste que foram utilizados para estabilizar a coluna. O cirurgião explicou que, na realidade, o preço correspondeu a mais de 80 itens de serviços de uma cirurgia complexa, incluindo os honorários de auxiliares.

— Não sou médico colocador de prótese. Até contraindico a 90% de meus pacientes — comentou, salientando que adota essa alternativa quando está convencido de que será a melhor solução para o caso. Freitas disse que está processando o autor das acusações.

Também afirmou que Paiva já responde a processo por apropriação indébita por ter solicitado reembolso de despesa médica relativa a parcela de R$ 25 mil do valor da cirurgia. Nesse caso, teria pegado o recibo e solicitado a devolução do valor ao plano de saúde, quando já havia sustado o cheque.

Freitas reiterou que sempre se limitou a prescrever as próteses que servem ao paciente na guia médica e indicar três fornecedores. A parte comercial seria dos hospitais e dos planos de saúde. Malta não descartou convocar os dois médicos para uma acareação.

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